Pessach e a liberdade

Amanhã, dia 15 de abril, começa a festa de Pessach, uma das festas mais importantes do calendário judaico que comemora o êxodo dos hebreus do Egito antigo. Sobre a liderança de Moisés, os hebreus conseguiram fugir do Egito após 400 de escravidão. Um dos pilares de Pessach é a celebração da liberdade e a importância de lembrar todos anos essa história. O charosset, por exemplo, é uma pasta de maçãs e nozes que lembra a argamassa utilizada nas construções pelos hebreus escravizados no Egito.  

A escravidão é um fenômeno presente em diversas civilizações, os primeiros relatos são de mais de 5 mil anos na mesopotâmia e essa prática existiu em várias outras culturas ao redor do mundo por diversas razões. 

O Brasil infelizmente teve essa prática desenvolvida a partir da chegada dos europeus em nossas terras, primeiro pela escravização dos povos nativos, que aproximadamente em 1538, passou a traficar e escravizar povos africanos de diversas regiões do continente, cerca de 5 milhões de africanos escravizados desembarcaram no Brasil. Diferente de outras práticas de escravidão, o Brasil ganha uma particularidade étnica, criando um sistema de supremacia onde os brancos são superiores aos negros. Nesse sistema, um filho de um negro escravizado automaticamente era escravo.  

A escravidão aqui também ganha um aspecto econômico, a venda de escravos era um negócio bastante lucrativo para os senhores de escravos. 

O Brasil foi o último país das américas a abolir a escravidão, apenas em 1888, quase 100 anos depois do Haiti, que foi o primeiro país das américas a abolir a escravidão. Aqui a abolição se deu sem nenhuma política de inserção dos negros na sociedade, fazendo com que os negros mesmo livres se tornassem reféns dos seus antigos donos. Esse panorama histórico é fundamental para entender como o racismo contra negros se estruturou no Brasil. Mesmo hoje, 134 anos após a abolição da escravidão, os negros ainda são os que mais morrem na mão das forças policiais, são os que mais estão na linha de pobreza e os que mais morreram vítimas da Covid-19.  

Infelizmente, essa realidade mostra que a liberdade do povo negro não se deu por completo no Brasil e outros lugares do mundo que passaram por processos parecidos, Floyd, Marielle, Agata e tantos outras pessoas pretas vítimas desse sistema cruel monstra que a sociedade ainda tem muito que avançar nesse debate. A cor da pele cria um obstáculo social, uma barreira e muitas vezes te vitima pelo fato de ser quem você é.  

Que nessa celebração de Pessach possamos nos livrar não apenas do Chametz mas também de todas as formas de opressão presentes em nossa sociedade e sejamos ponta de lança na luta contra o racismo. Chag Sameach!

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