IBINews 198: 100 dias depois, frente ampla mostra sua força

O ministro das relações exteriores, Yair Lapid, e o primeiro-ministro, Naftali Bennett. Em um momento em que se discute a formação de uma frente ampla no Brasil, o modelo israelense talvez pudesse servir como inspiração.

Passados 100 dias desde que assumiu o governo israelense, a surpreendente coalizão formada por oito partidos — três de direita, dois de centro e dois de esquerda, além de um partido árabe islâmico —, começa a mostrar a que veio. E as novidades são alvissareiras. A avaliação, pelo menos até aqui, é muito mais positiva que negativa.

Como comentou Gideon Rahat, do Instituto de Democracia de Israel e do departamento de ciências políticas da Universidade Hebraica de Jerusalém, em entrevista a Daniela Kresch para a Folha de S. Paulo, “relativamente ao que era esperado, este governo está funcionando bem. Se alguém me contasse antes, eu não acreditaria”.

“Os assuntos ideológicos aparecem de vez em quando, mas não muito, provando o que todos já sabem: 90% do que governos fazem não é exatamente ligado a ideologias proeminentes. Eles lidam com assuntos relativos ao bem comum”, diz Rahat.

Nesse sentido, o novo governo é pragmático, e vem trabalhando em perspectiva com temas domésticos que pareciam relegados a um segundo plano, como por exemplo a gestão das polícias e o orçamento anual.

Enquanto isso, no campo da diplomacia, o Ministério das Relações Exteriores ganhou mais protagonismo e autonomia, trazendo um contraponto saudável ao personalismo de Netanyahu, que governou o país por 12 anos.

E o Brasil com isso?

Em um momento em que se discute a formação de uma frente ampla no Brasil contra o populismo, para as eleições presidenciais do ano que vem, o modelo israelense talvez pudesse servir como inspiração, mostrando que é possível colaborar e participar de um governo sem se perder a identidade.

Foi a meta de derrubar Netanyahu afinal, que uniu vozes tão dissonantes como Naftali Bennett, líder do partido direitista Yamina, que já defendeu a anexação por Israel de territórios palestinos e, no polo oposto, dentro da mesma coalizão, Nitzan Horowitz, do esquerdista Meretz, contrário à anexação e defensor da solução de dois Estados, um judaico e um palestino, convivendo lado a lado.

Porém como lembra Rafael Kuchin, em artigo para o jornal O Globo, dado o desenho institucional do parlamentarismo israelense, a tendência é que o novo governo tenha dificuldades em apresentar um plano majoritário para questões-chave como a Palestina. 

No temor de rachar a coalizão, os membros devem manter o status quo (manutenção da ocupação na Cisjordânia e fronteiras indefinidas), sob o risco do governo implodir caso o assunto venha à tona com muito peso.

Se assim vai ser, o tempo dirá. Mas pelo menos até aqui, cabe enaltecer o que alguns vêm chamando de “governo do encontro” e outros, de “governo de transição”. Um governo que encontrou seu eixo no diálogo e na negociação de centro. 

Como disse Yair Lapid, um dos artífices da coalizão, e atual chanceler israelense, “já basta de ódio e polarização. É tempo de começar algo diferente”.

Confira os destaques da última semana!

IBI no Campus: Dois novos grupos de estudo do projeto IBI no Campus, laboratório nacional e online de pesquisa acadêmica do Instituto Brasil-Israel, estão iniciando suas atividades, e já contam com 124 alunos inscritos. Os pesquisadores Gabriel Mizrahi e Karina Calandrin conduzirão um módulo sobre o conflito Israel-Palestina, em encontros quinzenais. Alana de Moraes e Karl Schurster, o módulo Fascismos e o Holocausto, em encontros mensais.

Durban revisitada: Em artigo publicado no Estadão, o coordenador executivo do IBI, Rafael Kruchin, escreveu sobre os 20 anos da conferência de Durban: “as lutas antirracistas e contra o antissemitismo não são e nem podem ser antagônicas”.  Leia.

Casta: Em evento promovido pelo IBI em parceria com a editora Zahar, Lilia Schwarcz, professora titular no Departamento de Antropologia da USP e Global Scholar na Universidade de Princeton, e Thiago Amparo, professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP, debateram o livro “Casta”, de Isabel Wilkerson, que explora pontos de contato entre a escravidão norte-americana, o nazismo alemão e o sistema indiano. Veja.

Jornalismo em Israel: Na nova edição de nosso podcast, “E eu com isso?”, Anita Efraim e Ana Buchmann conversaram com a jornalista Paola de Orte, correspondente do jornal O Globo em Israel, sobre os desafios envolvidos em seu trabalho. Ouça.

Domo de ferro: Em artigo exclusivo para o IBI, Daniela Kresch escreveu sobre o impacto da transferência de US$ 1 bilhão de dólares, em 2022, para renovar o arsenal de baterias antiaéreas do sistema de defesa Domo de Ferro em Israel, aprovada pelo Congresso americano, apesar da oposição da ala democrata mais progressista. Leia.

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