IBINews 212: O ano que passou em Israel e o que começa agora

Vista por uma determinada perspectiva, a virada de ano em Israel aponta para um direcionamento promissor, mas que inspira vários cuidados.

A jornalista Daniela Kresch, correspondente do IBI em Tel Aviv, escreveu um artigo exclusivo sobre esta dinâmica e falou sobre isso com Isabella Marzolla, na última edição do programa Expresso Israel

ECONOMIA FORTE

No plano doméstico, a economia vai tão bem que o shekel se valorizou 6% com relação ao dólar. Para efeito de comparação, o real se desvalorizou em 20% no mesmo período. 

Além do forte superávit, a atratividade para investidores estrangeiros e a performance das startups locais fazem parte da receita de sucesso. Bem como a gestão pioneira no combate à Covid. A vacinação em massa mitigou os efeitos da pandemia e Israel se tornou um caso de estudos para a própria Pfizer, que utilizou os dados de imunização no país para entender como sua vacina funciona.

O porém é que o país sobe, mas o custo de vida, também. Os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres, mais pobres.

FRENTE AMPLA GANHA CONFIANÇA

2021 foi o ano que marcou a saída de Benjamin Netanyahu, após 12 anos no poder. A frente ampla que o substitui, formada por sete partidos de um amplo espectro político – dois de esquerda, três de direita e dois de centro, e um partido islâmico – mostrou força e ganhou a confiança da população, de forma geral.

Mas alguns problemas escalaram, como a onda de violência que atinge a minoria árabe-israelense, que começou há alguns anos e chegou a patamares inéditos. Mais de 120 assassinatos com armas de fogo foram registrados em cidades ou bairros árabes.

Não se trata de um conflito entre a maioria judaica de Israel (75% da população) e a minoria árabe (21%). Quase sempre, a violência é fruto de brigas entre famílias rivais ou de conflitos relacionados a gangues locais, cada vez mais armadas. Às vezes, as vítimas são criminosos conhecidos ou membros das famílias. Às vezes, apenas pessoas que estavam no lugar errado, na hora errada.

ACORDOS DE ABRAÃO PROMETEM

No plano da diplomacia, como relatado na última edição do “E eu com isso?”, com Amanda Hatzyrah e Ana Clara Buchmann,  os israelenses estão eufóricos com os Acordos de Abraão, celebrados com os Emirados Árabes, Bahrein, Marrocos e Sudão.

A expectativa agora é com o ingresso de Arábia Saudita no contexto dos acordos, e o aprofundamento das relações de cooperação com o Egito. O pano de fundo para toda esta movimentação é o antagonismo representado pelo Irã e a ameaça nuclear. 

PALESTINOS: SEM SOLUÇÃO À VISTA

Mas o problema maior é que a questão palestina não aparece como prioridade para o estabelecimento da paz regional. A ponto do primeiro discurso no novo premiê israelense Naftali Bennett na ONU, em setembro, sequer ter mencionado o conflito. E isso quatro meses após os sangrentos confrontos com o Hamas, que resultaram nas mortes de 13 israelenses e 256 palestinos, incluindo 66 crianças.

Israel aprendeu que o Hamas consegue, quando quer, controlar a região: além de dominar a vida dos palestinos de Gaza com mão de ferro, o grupo é capaz de paralisar quase todo o país e provocar contra-ataques violentos, levando ainda a mais críticas internacionais.

Nos Estados Unidos, há uma ala ruidosa e influente do Partido Democrata que pede uma ação mais enérgica. Mas a gestão Biden não tem sido assertiva na busca por uma solução pacífica para este conflito. Ainda mais depois da retirada das tropas do Afeganistão, as atenções parecem estar voltadas para outras questões. 

Não espanta que, em pesquisa publicada em outubro deste ano, metade da população palestina (48%) acredite em uma solução armada. Entre os israelenses, apenas 40% acreditam na solução de dois Estados.

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