Judeus vítimas da ditadura são tema de podcast do Instituto Brasil-Israel

Há exatos 58 anos, o exército brasileiro derrubou o então presidente, João Goulart, e tomou o poder. Foram 21 anos de ditadura, com as decisões de todo um país tomadas por um pequeno grupo de pessoas, mais precisamente de homens, em sua maioria militares, em conjunto com aqueles que eram condescendentes com suas ações. Esse período, dos anos de chumbo, da ditadura militar, foi um dos mais sombrios da história do Brasil.

Em 2014, a Comissão da Verdade reconheceu 434 mortos pela ditadura, além de 200 desaparecidos. 

Entre os desaparecidos e presos políticos da ditadura, há vários judeus. Que foram da resistência, que lutaram pela democracia, que não aceitaram que o país estivesse nas mãos de um regime antidemocrático.

No episódio do “E eu com isso?”, podcast do Instituto Brasil-Israel, desta semana, as apresentadoras Ana Clara Buchmann, Anita Efraim e Amanda Hatzyrah contaram as histórias de Vladimir Herzog, Iara Iavelberg e Ana Rosa Kucinski. 

Vladimir Herzog 

Vladimir Herzog nasceu em 27 de junho de 1937, na cidade de Osijek, na Croácia, que naquela época, fazia parte da Iugoslávia. A família fugia do regime nazista que dominava a Europa naquele momento. Vlado, como era conhecido, passou pela Itália e chegou ao Brasil em 1942. Ele se formou em filosofia pela USP e passou a atuar como jornalista em 1959. Também era filiado ao Partido Comunista Brasileiro.

Era dia 24 de outubro de 1975, quando autoridades brasileiras convocaram Vlado para comparecer no DOI-CODI, em São Paulo, de onde nunca mais saiu.

A versão oficial dizia que Vladimir Herzog cometeu suicídio, mas na verdade, ele foi assassinado pelos ditadores. Um suicida, segundo o judaísmo, não poderia ser enterrado como um outro judeu em um cemitério judaico, e a família se recusava aceitar a versão da ditadura.

Em ato ecumênico na Catedral da Sé, em São Paulo, liderado pelo rabino Henry Sobel, a versão do morte por suicídio de Herzog foi contestada por outros religiosos e manifestantes. O ato foi essencial para Herzog ser enterrado como um judeu assassinado e não um suicida. (…) É um pecado esquecer, é um pecado fingir não saber se viramos a cabeça, se fechamos os olhos, se nos tornamos cúmplices. Nunca mais pode haver um caso Vlado Herzog”, disse Sobel durante o ato. 

Iara Iavelberg

Iara Iavelberg morreu em Salvador em 20 de agosto de 1971. Era paulistana, judia, formada em psicologia. Companheira de Carlos Lamarca, militou na Organização Revolucionária Marxista Política Operária, depois na Vanguarda Popular Revolucionária e depois finalmente no Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8). A inscrição na lápide onde está enterrada no cemitério diz “ousar lutar, ousar vencer”, que é o lema do MR-8.  

Na versão do regime militar, assim como com Vladimir Herzog, Iara teria cometido suicídio. A teoria de suicídio nunca convenceu a família, incluindo seus dois irmãos, Samuel e Raul, também militantes na época. 

Após uma longa batalha, a família pôde em 2013 começar um processo de investigação e realizar mais uma autópsia. O legista Daniel Munhoz concluiu que a morte por suicídio da Iara era improvável e seu corpo foi finalmente retirado da área de suicidas do cemitério israelita. 

Ana Rosa Kucinski


Ana Rosa Kucinski Silva nasceu em 12 de janeiro de 1942, em São Paulo. Filha de Majer Kucinski e Ester Kucinski. Seu pai, antes de vir para o Brasil, era ativista contra o antissemitismo na Polônia, nos anos 30. 

Estudante profissional na área de exatas, era uma observadora crítica da realidade. Em suas cartas e em outras escritas trazia sempre comentários sobre o momento política do País.

Militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), estudou em São Paulo no colegial e posteriormente na Universidade de São Paulo (USP), onde se bacharelou em Química em 1967. 

No dia 22 de abril de 1974, Ana Rosa encontrou-se com a amiga Inês Salas Martins na faculdade de Saúde Pública da USP. Elas conversaram por volta das 11 da manhã e Ana disse que voltaria às 14 horas. Ana nunca mais voltou. 

O destino de Ana Rosa até hoje é nebuloso, ela teria sido presa perto de onde morava na Pompéia, na Zona Oeste de São Paulo e teria sido levada para a chamada “casa da morte”, no Rio de Janeiro.

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