Mohamad Jehad: Decisão isola ainda mais Israel e os EUA

Com objetivo de enriquecer o debate e honrar seu espaço democrático, o IBI convidou colaboradores a responderem perguntas sobre a transferência da embaixada americana para Jerusalém e o futuro da região. Confira o que Mohamad Jehad, advogado palestino, tem a dizer:

Quais serão as consequências (simbólicas e práticas) com a decisão de Donald Trump de mudar a embaixada americana para Jerusalém? 

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As consequências práticas serão contextualizadas à medida em que a embaixada for estabelecida em Jerusalém ocidental, uma vez que os palestinos não têm nenhuma demanda quanto a esta parte de cidade. Por outro lado, não existe outra cidade no mundo com tanto simbolismo como Jerusalém. Tanto o é que, ao que tudo indica, Trump tomou a decisão muito mais motivado a agradar a ala evangélica de seus eleitores do que agradar o Governo de Israel. Foi uma ação desmedida em todos os sentidos. O Oriente Médio, depois de muita turbulência, estava sendo pacificado gradualmente com a situação da Síria e do Iraque e certa aproximação da Arábia Saudita e Israel e o isolamento do Iran. Nada disso irá se concretizar.

Há quem diga que esse movimento dos EUA coloca uma pá de cal em negociações de paz que poderiam acontecer. Seria um passo atrás na solução de dois estados?

Num primeiro momento sim, mas existem vozes que acreditam que é uma jogada de Trump para ter os israelenses em suas mãos e forçá-los a um processo de paz definitivo. Foi um agrado, mas o preço será cobrado adiante. Pessoalmente, mesmo que seja esta a estratégia, eu não acredito no sucesso de Trump, pois não vejo Bibi querendo pagar algum favor no futuro. Acho que neste movimento os EUA vão se dar conta, a médio prazo, de que perderam a confiança dos palestinos e dos árabes e muçulmanos em geral, e o preço a pagar será seu papel como mediador que poderá ser suprido por outros atores internacionais.

Acredita que essa mudança pode dar início a uma nova onda de violência entre israelenses e palestinos?

Isto vai depender muito do nível de frustração do lado palestino. Apesar da ocupação, a Cisjordânia tem mostrado índices de crescimento econômico. Uma desestabilização violenta pode sacrificar a cambaleante economia palestina. Por outro lado, já testemunhamos recentemente que atitudes simbólicas muito menos abrangentes transformaram-se em intifada ou na primavera árabe. Nenhum cenário pode ser descartado.

Há quem afirme que essa decisão é apenas um reconhecimento histórico. Você concorda?

Pode até ser um reconhecimento histórico por parte do eleitorado evangélico de Trump ou de aspirações sionistas. Mas como reconhecer a capital do Estado de Israel sem ao menos estabelecer as fronteiras deste país e garantir os direitos mínimos da população palestina? Volto a dizer, se esse foi o primeiro passo de Trump, ele foi muito mal calculado, pois isola ainda mais Israel e os EUA.


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