Partidos Nanicos – recorde nas eleições deste ano

PARTIDOS NANICOS – RECORDE NAS ELEIÇÕES DESTE ANO  

TEL AVIV – Eles tentam, mas nem todos conseguem chegar lá. Os partidos nanicos de Israel parecem pipocar em época de eleições. A maioria nunca sai do “0” nas pesquisas eleitorais. Alguns chegam perto de ingressar no Knesset, o Parlamento em Jerusalém. Mas acabam ficando de fora. Este ano, 47 partidos (ou coligação de partidos) se inscreveram para concorrer às eleições legislativas de 9 de abril. O número é maior do que os 38 inscritos no último pleito, em 2015, e recorde de todos os tempos, em Israel.

Cada partido escolheu letras do alfabeto hebraico para representá-lo nas urnas – uma tradição da política israelense.

Este ano, apenas alguns partidos já parecem ter assegurado presença na Knesset de número 21. Isso porque precisam superar a marca dos 3,25% de votos. O alto percentual, que entrou em vigor em 2015 (era 1% em 1948), levou a um festival de coalizões de última hora entre partidos que perigavam ficar de fora. No final das contas, quem não foi convidado ou não aceitou fazer alianças, pode sumir do plenário.

A movimentação política levou a dois grandes blocos opositores: um de centro-direita e outro de centro-esquerda. O de centro-direita é representado pelo tradicional partido conservador Likud (“União”), do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu – que, pelas pesquisas mais recentes, deve receber de 26 a 32 das 120 cadeiras do Knesset (hoje, tem 30).

O bloco de centro-esquerda é representado pela coligação novata “Azul e Branco” (Kahol Lavan) – união entre o recém-criado partido “Resiliência de Israel” (Hossen Le-Israel), do ex-general Benny Gantz, e o centrista “Há Futuro” (Yesh Atid), do ex-jornalista Yair Lapid. Segundo as enquetes, a união pode superar o Likud, com 36 cadeiras no Knesset.

Outros partidos, até mesmo tradicionais e históricos, lutam para manter a cabeça acima do horizonte de 3,25% – o que significa conseguir, no mínimo, 4 cadeiras no Knesset. O icônimo Partido Trabalhista (Avodá), por exemplo, deve cair de 18 cadeiras para 8 ou 10. E partidos como os religiosos Shas e “Judaísmo da Torá” (Yahadut HaTorá) devem conseguir algo em torno de 6, cada um. O “Nova Direita” (Yemin HeHadash), de Naftali Bennet e Ayelet Shaked, também está com 6 assentos, pelas pesquisas.

Até hoje, só três partidos lideraram o governo de Israel: o Partido Trabalhista (Avodá), o Likud e o Kadima (que já não existe). Mas sempre tiveram que fazer coalizões. Israel é um país parlamentarista e multipartidário com representação proporcional no Knesset, onde há apenas 120 cadeiras. O governo só pode ser formado se o partido mais votado conseguir costurar alianças com outros partidos que assegurem 61 cadeiras.

Nunca, na história de Israel, um só partido conseguiu 61 cadeiras. O máximo foi 56 (em 1969), quando o Maarach (precursor do Partido Trabalhista) vivia seus anos dourados. Quer dizer: todos os governos de Israel, desde 1948, foram formados por coalizões.

É aí que entra a força dos partidos menores – mas só os que conseguem passar pelo percentual mínimo para eleger-se. Os nanicos que não conseguem votos suficientes apenas tentam participar do Parlamento, mas caem no esquecimento – pelo menos até o próximo pleito. Alguns são sérios, mesmo que diminutos. Mas a maioria é formada por pessoas ou grupos que querem a atenção e a publicidade. Mas, às vezes, recebem apenas algumas risadas e galhofa.

Quem são os partidos que ninguém ouve falar e nem entram nas pesquisas eleitorais? Entre eles, há alguns com nomes inusitados. Uma das listas estranhas que foram submetidas à Central Eleitoral foi a dos “Piratas”, cujos líderes foram se inscrever no comitê eleitoral usando, claro, chapéus de piratas. Eles querem internet livre para todos os cidadãos.

Também há partidos com nomes “poéticos” como “Simplesmente amor”, “Somos todos amigos” e “Eu e você”. Alguns escolheram nomes mais sociais, como o “Justiça para todos”, e “Justiça Social”. Tem os voltados para a minoria árabe ou para os palestinos: “Para os Cidadãos de Segunda Classe” e “Uma solução para Gaza”. O Partido dos Cidadãos Veteranos” (Mifleguet Ezrahim HaVatikim) gostaria, talvez, de reacender a chama do Partido dos Aposentados (Guimlaim), que conseguiu incríveis 7 mandatos em 2006.

Na maioria das vezes, é difícil saber o que esses partidos realmente pregam. E, quando têm uma agenda mais clara, não divulgam exatamente como pretendem alcançá-la.

Pelo menos um partido nanico folclórico desistiu de concorrer, este ano: o “Folha verde” (Alê Yarok), que defende a liberalização da canabis para usos medicinais e de entretenimento. Nunca conseguiu ultrapassar o limite mínimo de votos para conquistar uma cadeira no Parlamento, apesar de ter sido apontado como favorito por muitos eleitores jovens desiludidos com os partidos tradicionais.

Para evitar cair na mesmice dos nanicos sem cadeiras no Parlamento e sumir na selva política israelense, partidos de extrema-direita costuraram, este ano, a União de Partidos de Direita – com apoio do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Os ultranacionalistas “Casa Judaica” (Bait HaYehudi) e “União Judaica” se uniram com o extremista “Força para Israel” (Otzma Le-Israel) – seguidor do rabino Meir Kahana, cujo partido “Kach” foi banido do Parlamento sob acusação de racismo, na década de 90.

Mas alguns partidos – alguns famosos – perigam desaparecer do Parlamento, se tornando nanicos sem influência. Um deles é o tradicional partido de extrema-esquerda Meretz, que recebe 4 cadeiras pelas enquetes. Uma a menos e está fora, o que está causando ansiedade a muita gente da esquerda.

As duas coalizões de partidos árabes (que se separaram em vez de concorrer juntos, como em 2015) também vão precisar lutar por cada voto, assim como o partido do ex-ministro da Defesa, Avigdor Lieberman.

Quem também repentinamente se tornou nanico é o Partido “Todos Nós” (Kulanu), do ministro das Finanças Moshe Kahlon, que, como o “Ponte” (Guesher), outro partido de agenda sócio-econômica, não deve ultrapassar o nível mínimo para ser eleito. Os dois partidos se recusaram a fechar alianças. Concorrendo sozinhos, devem desapaecer.

Outro nanico que não deve conseguir se eleger é o “Identidade” (Zehut), partido de extrema-direita, de Moshe Feiglin (ex-Likud). Ele se recusou a participar da união de partidos de extrema-direita. O “Escudo” (Maguen), do ex-general Gal Hirsch, e o “Meu irmão israelense” (Ahi Israeli), de Adina Bar Shalom, filha do mitológico rabino Ovadia Yossef, também não devem ter futuro. E o “Juntos” (Yahad), do ex-ministro Ely Yishai, ex-líder do Shas, está fadado ao ocaso.

Por fim, Oren Hazan, ex-parlamentar do Likud, considerado polêmico pela quantidade de escândalos e comentários extremistas, decidiu concorrer às eleições usando o nome do partido de extrema-direita “Encruzilhada” (Tzomet). Mas não deve receber muitos votos – para o alívio de muita gente.

A lista completa de partidos inscritos nas eleições para a Knesset 21 (em destaque, os partidos que devem conseguir cadeiras no Parlamento):

1. Likud (“União”)
2. “Azul e Branco” (Kahol Lavan)
3. “Partido Trabalhista” (Mifleguet Avodá)
4. Shas
5. “A Nova Direita” (HaYemin Ha-Hadash)
6. “Judaísmo da Torá” (Yahadut HaTorá)
7. União dos partidos árabes Ra’am e Balad
8. União dos partidos árabes Hadash e Ta’al
9. “União de Partidos de Direita” (Ihud Miflagot HaYemin)
10. Meretz (“Vigor”)
11. Israel Nossa Casa (Israel Beitenu)

12. “Escudo” (Maguen)
13. “Juntos” (Yáhad)
14. “Identidade” (Zehut)
15. “Ponte” (Guesher)
16. “Encruzilhada” (Tzomet)
17. “Daam, solidariedade sem fronteiras”
18. “Aliança Mundial” (Brit Olam)
19. “Betah, Segurança social” (Betah)
20. “Justiça para Todos” (Tzedek LaKol)
21. “Direto” (Yashar)
22. Piratas (Piratim)
23. “Fim” (Ketz)
24. “Simplesmente Amor” (Pashut Ahava)
25. “Juntos” (BeYáhad)
26. “Meu Irmão Israelense” (Ahí Israelí)
27. “Dignidade Humana” (Kavod Haadam)
28. “Novo Horizonte de Dignidade” (Ofek Hadash BeKavod)
28. “A Lista Árabe” (HaReshima HaAravit)
30. “Eu e Você” (Ani VeAtá)
31. “Partido da Reforma” (Mifleguet HaReforma)
32. “Partido dos Cidadãos Veteranos” (Mifleguet Ezrahim HaVatikim)
33. “Solução para Gaza” (Pitaron Le-Aza)
34. “Educação” (Hinuch)
35. “Do Começo” (MeAthalá)
36. “Todos os Israelenses Irmãos” (Kal Israel Ahim)
37. “Israel Nossa Casa” (Israel Beitenu)
38. “União dos aliados” (Ihud Bnei HaBrit)
39. “Na Nach, a Lista Pública” (Na Nach, HaReshimá HaMamlachti)
40. “Justiça Social” (Tzedek Hevrati)
41. “Para os Cidadãos de Segunda Classe” (LeMaan Ezrachim Sug Bet)
42. “Responsabilidade para os Pioneiros” (Ahraiut LaMeiassdim)
43. “Liderança Social” (Manhigut Hevratit)
44. “O Novo Sionismo” (HaTzionut HaHadashá)
45. “Nossos Direitos em Nossas Vozes” (Zchuiotenu BeKolenu)
46. “Iguais” (Shavim)
47. “Esperança por Mudança” (Tikva LeShinui)

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