IBINews 207: O conflito mais importante do mundo

Já se tornou quase um clichê afirmar que o conflito entre israelenses e palestinos é complexo e difícil de entender. E por incrível que pareça, esta complexidade só foi aumentando ao longo do tempo.

O tema se tornou uma das questões mais importantes das relações internacionais de nosso tempo.

Basta ver como ele tem mobilizado massas de pessoas em diversos países do mundo, mesmo aqueles que estão a milhares de quilômetros de distância do Oriente Médio, incluindo o próprio Brasil. Como se de seu desenrolar dependesse o futuro de toda a humanidade.

Como foi que isso aconteceu? Por que é que uma questão circunscrita, que se passa numa região muitas vezes distante, adquiriu essa centralidade no imaginário internacional, capturando tantos corações e mentes?

É preciso lembrar: este não é o conflito mais longo e nem o mais mortífero. Não envolve grandes porções de terra e nem populações volumosas. Ainda assim, “todo mundo que olha para essa região, acaba se posicionando. O posicionamento sobre a questão Israel-Palestina é um statement”, afirma Tanguy Baghdadi, professor de relações internacionais do Ibmec e comentarista da GloboNews.

Com a participação de 200 alunos de várias partes do Brasil – de Cascavel, no Paraná a Teresina, no Piauí, passando por Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro -, a aula “Israel, Palestina e o mundo” teve o atributo de apresentar o assunto de uma forma clara e didática, indicando que ele vai muito além dos limites redutores da polarização.

A aula partiu da premissa de que as tensões entre israelenses e palestinos constituem em grande medida uma chave para se entender uma série de outros atritos que já existem e são canalizados para essa questão, chegando até a transcendê-la.

Em outras palavras, é preciso entender o que se passa no Oriente Médio, para entender opiniões e posições que atravessam os debates políticos pelo mundo afora.

Como se chegou a isso, é uma história longa que remete aos interesses das grandes potências, ao ocaso do Império Otomano e um século de história que inclui a shoah, a nakba, e inúmeras guerras. Bem como, e talvez principalmente isso, o papel proeminente das diásporas judaica e palestina, a maneira como as religiões são mobilizadas pelos atores em conflito e a influência de potências regionais como o Irã e a Turquia, em contraponto aos Acordos de Abraão celebrados recentemente.

Tudo isso acaba conformando um imaginário que nem sempre encontra respaldo na realidade. Particularmente interessante foi a lembrança de que o velho estereótipo de associar Israel a uma direita conservadora e a Palestina a uma esquerda militante é um exercício anacrônico e simplificador, que desconsidera aspectos importantes e até mais proeminentes das sociedade israelense e palestina.

E tem solução?

“Não existe solução para este conflito sem a solução de dois Estados. Embora esteja distante no horizonte, ela passa pelos lados moderados de Israel e Palestina. O problema é que quando os moderados começam a dialogar, os radicais ganham força; na década de 90 havia uma expectativa grande de que esse acordo pudesse sair. Culminou porém com o fato trágico que foi o assassinato de Yitzhak Rabin, em 95”, argumenta Baghdadi.

Evitar discursos reducionistas quando o assunto é o conflito entre israelenses e palestinos está no DNA do IBI. Pensando nisso, realizamos o curso online “Precisamos falar sobre Israel e Palestina”, que já está em sua terceira edição, contando com a participação de professores e pesquisadores das melhores universidades do Brasil e internacionais, ligados a instituições judaicas e árabes.

São eles, Marta Topel, professora da USP, Michel Gherman, da UFRJ e assessor acadêmico do IBI, Natalia Nahas, do Instituto de Cultura Árabe e Peter Demandt, da Universidade de Amsterdam.

Marta, falará sobre o movimento nacional judaico. Natalia, sobre o desenvolvimento da consciência nacional palestina. Peter, sobre identidades coletivas no conflito Israel-Palestina. E, finalmente, Michel, sobre modos de pensar as identidades palestinas e israelenses.

As matrículas estão abertas até o dia 05/12.

Ex-alunos recomendam.  

CONFIRA OS DESTAQUES DA SEMANA!

Amanda Klein: “Antissemitismo precisa ser cortado pela raiz”: A jornalista Amanda Klein, que participava da edição de 16/11 do programa “Jornal da Manhã”, da Jovem Pan, na qual o apresentador José Carlos Bernardi, em fala antissemita, relacionou o sucesso econômico da Alemanha do século XXI com a expropriação e a morte sistemática de judeus, foi a entrevistada desta semana em nosso podcast “E eu com isso?”, com as apresentadoras Anita Efraim e Ana Clara Buchmann. Ouça.

A entrevista repercutiu no canais do UOL, Metrópoles e Brasil 247.

Antissemitismo para a direita e para a esquerda: Anita Efraim também escreveu um artigo sobre como o antissemitismo virou refúgio da direita para rebater acusações de preconceito, ao mesmo tempo que observa um apagamento do antissemitismo por parte da esquerda. Vale a leitura. 

Chanucá inclusiva: Após um ano e oito meses de atividades online, o Gaavah, coletivo judaico LGBTQIA+ do IBI, fará sua primeira atividade presencial em diversas cidades do Brasil e em Israel. Será uma celebração significativa e emocionante de Chanucá em que grupos se reunirão presencialmente para comemorar esta festividade com uma liturgia inclusiva e progressista. Participe! 

O judaísmo e a questão LGBTQIA+: Como a religião judaica enxerga a orientação sexual? Nesta entrevista, o coletivo Gaavah desenvolve o tema: “abraçar a pluralidade é um fundamento da tradição judaica”. Leia. 

Covid – quinta onda chega a Israel: No programa Expresso Israel, resumo semanal das notícias de Israel e do Oriente Médio, as jornalistas Isabella Marzolla e Daniela Kresch, correspondente em Tel Aviv, falaram sobre a quinta onda de Covid-19 em Israel e a nova variante sul-africana, que já chegou ao país e infectou israelenses que haviam tomado a terceira dose da vacina. Também foi abrodado o thriller israelense ‘Teerã’, que ganhou o prêmio de melhor drama no International Emmy Awards, nesta segunda-feira (22). Veja. 

A volta do conflito: Às vezes, uma temporada mais tranquila pode levar à ilusão de que o conflito entre israelenses e palestinos arrefeceu. Mas dois atentados – um fatal em Jerusalém e outro em Jaffa -, na semana passada, foram um lembrete de que esse conflito é como um vulcão que acumula pressão antes de explodir. A jornalista Daniela Kresch escreveu sobre o tema. Leia. 

Dois anos sem Henry Sobel: Na segunda-feira (22) se completaram dois anos da morte do rabino Henry Sobel. A Brown University e o Projeto Henry Sobel, com apoio do IBI, realizaram o debate virtual “A importância de Henry Sobel para a democracia e os direitos humanos no Brasil”, com Fernando Lottenberg, primeiro comissário para o monitoramento e combate ao antissemitismo da OEA e integrante do Conselho Consultivo do IBI; Celso Amorim, ex-chanceler do Brasil; James Green, professor de História Moderna da América Latina na Brown University; Marcelise Azevedo, advogada e dirigente do Movimento de Juristas Negras; e Jayme Brenner, coordenador do Projeto Henry Sobel – História e Memórias. Veja.

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