Vídeos e imagens chocantes sobre o 7 de outubro

Daniela Kresch

TEL AVIV – Há anos, os israelenses hesitam em publicar fotos, vídeos ou informações muito chocantes sobre atos violentos realizados contra cidadãos do país por palestinos ou outros. É raríssimo ver fotos sangrentas de israelenses mortos em atentados terroristas, seus corpos mutilados ou queimados. A ideia, aqui, era a de respeitar a memória dos mortos e o sofrimento das famílias. Mas, tudo mudou em 7 de outubro de 2023. As luvas de pelica foram retiradas. Não mais.

Israel decidiu mostrar ao mundo o que aconteceu naquele sábado terrível, com todos os detalhes. Centenas de correspondentes estrangeiros foram convidados pela assessoria de imprensa do exército a receber vídeos e fotos com todos os detalhes, incluindo partes do interrogatório de terroristas palestinos, que contam, sem vergonha alguma, o que fizeram e como.

Um dos jornalistas, Jotam Confino, publicou um thread no X (ex-Twitter) contando o que viu. Reproduzo abaixo o que ele disse ter visto. O texto original está aqui:

1: Um terrorista do Hamas gritando Alahu Akbar (Alá é Grande) enquanto tenta freneticamente decapitar um homem morto com uma pá.

2: Um pai e dois filhos (aproximadamente 7 e 9 anos) correndo para salvar suas vidas, de cueca, para o que parece ser um abrigo antiaéreo com entrada aberta. Um terrorista do Hamas lança uma granada de mão contra um abrigo, matando o pai e ferindo gravemente os dois filhos que correm de volta para casa.

3: Terroristas do Hamas entram em uma casa, onde uma menina é vista escondida debaixo da mesa. Depois de algumas conversas, eles atiram e matam a menina.

4: Terroristas do Hamas ateiam fogo a uma casa num kibutz.

5: Um soldado israelense decapitado.

6: A foto de um bebê morto e uma criança queimados.

7: Dezenas de pessoas mortas na estrada depois que o Hamas as executou em seus carros.

8: Terrorista do Hamas ligando para seus pais e dizendo: “Matei 10 judeus com minhas próprias mãos. Estou usando o telefone da judia morta para ligar para você”. E a mãe responde. “Que Deus te proteja”.

Os mais de 2 mil terroristas palestinos que invadiram Israel em 7 de outubro planejaram tudo minuciosamente. Eles tinham mapas e desenhos de todos os kibutzim e outras comunidades que fazem fronteira com Gaza. Sabiam onde ficava o refeitório, a administração geral, o jardim de infância. E tinham instruções.

As instruções eram de “limpar” essas comunidades de judeus. Matar todos com metralhadores, granadas e facas. E, depois de assassinar, cortar as cabeças.

Outra instrução, paralela, era a de sequestrar judeus (digo “judeus” e não israelenses porque é assim que os palestinos chamam os israelenses: “yahud”, judeus). Para cada sequestrado, o terrorista receberia como pagamento US$ 10 mil e uma casa. 

Os canais de TV israelenses transmitiram parte dos interrogatórios esta noite, 23 de outubro, para o desgosto e a ânsia de vômito de seus telespectadores. Nos vídeos, terroristas do Hamas, sentados em frente a interrogadores israelenses, dizem tudo com todas as letras. São pessoas comuns, poderiam ser pessoas que vemos nas ruas no dia a dia – prova de que a lavagem cerebral feita por grupos extremistas atinge qualquer um.

Um interrogador pergunta a um dos terroristas capturados do lado de fora do kibutz Alumim, se sua religião, o Islã, permite o assassinato de mulheres, bebês, crianças e idosos. Ele responde que realmente foi criado pensando isso. Mas, que os comandantes do Hamas disseram que, neste caso, não havia problema. Que seria uma missão suicida mesmo, então que “fizessem o que quisessem” com os judeus. Incluindo estuprar mulheres e filmar os atos.

O mesmo terrorista conta como a organização do atentado brutal foi feita por meio de grupos no Telegram. E que, nesses mesmos grupos, eles compartilhavam, em tempo real, fotos e vídeos das atrocidades que cometiam.

“O plano era ir de casa em casa, de quarto em quarto, lançar granadas e matar todos que estivessem ali, incluindo mulheres e crianças. O Hamas ordenou que fizéssemos, pisássemos nas cabeças e cortássemos as pernas”, disse o terrorista. “Queimamos, massacramos e decapitamos pessoas. Viramos animais”.

Talvez se referisse ao fato de que sacos com a droga Captagon foram encontrados em todos os lugares onde os terroristas atuaram. O Captagon é um estimulante sintético do tipo anfetamina conhecido no mercado de drogas árabe como “Abu al-Hilalain”. Ele promove sentimentos de raiva, irritabilidade e impaciência. A ideia, claro, era encorajar os terroristas a assassinarem e torturar suas vítimas.

A mudança de posição dos israelenses nessa questão da memória dos mortos é mais um sinal do que o 7 de outubro significa para Israel. Nada será como antes. E é um sinal de mentalidade dos israelenses neste momento em que oscilam entre o horror, a tristeza e a raiva.

Nas últimas duas semanas, os lançamentos de foguetes e mísseis contra Israel continuam – mesmo com a Força Aérea esteja atacando fortemente Gaza. Já foram mais de 8 mil foguetes e mísseis. Relatos de terroristas que ainda circulam livremente em Israel (verdadeiros ou fake) amedrontam a população, paranoica e temerosa. Qualquer coisa assusta. Tem alguém desconhecido no bairro? É terrorista! Fechem as portas e as janelas! Não saiam de casa!

Além de tudo isso, a fronteira Norte do país também está em polvorosa, com o Hezbollah atacando diariamente – muitas vezes fatalmente – militares e civis israelenses. Toda a fronteira foi evacuada. No total, 700 mil israelenses do Sul e do Norte são, hoje, refugiados. Deslocados de suas casas.

Americanos e europeus tentam acalmar Israel e suplicam para que cessem com os ataques aéreos contra o Norte da Faixa de Gaza, bem como desista de fazer uma operação terrestre lá. Mas, para muitos israelenses, as atrocidades exigem o fim físico do Hamas e retirada do Hezbollah da fronteira Norte. E agora? Eles esperam que seu “poderoso exército” os proteja.

Num momento como esse, realmente talvez seja necessário ter calma. Mas calma é uma palavra que parece ter desaparecido do dicionário do país. O trauma causado pelas atrocidades do Hamas no maior massacre de judeus desde o Holocausto – e as ameaças repentinamente palpáveis do Hezbollah e do Irã – é o que move as ações de todos. É guerra. É medo existencial.

É fácil pedir a paz sentado num sofá, a milhares de quilômetros de distância, com um drink na mão. Quem não está aqui e não sente o medo e a revolta, não conseguirá entender como esse pedido parece, para muitos, neste momento, inconcebível. Rezo pela calma. Que ela seja novamente concebível.

Foto: Reprodução/IDF

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